logo seesp ap 22

 

BannerAssocie se

05/04/2021

A engenharia nas atividades ligadas à tecnologia da informação

Profissionais com capacidade para atender necessidades tecnológicas e digitais do mercado estão em alta

 

Rosângela Ribeiro Gil
Oportunidades na Engenharia

 

A tecnologia da informação evoluiu muito nos últimos anos e, certamente, continuará em ritmo ainda mais acelerado. É difícil imaginar uma profissão que não tenha passado por algum tipo de transformação a partir da tecnologia digital. “As mudanças envolvem desde a forma de como nos comunicamos, fazemos negócios, nos relacionamos, produzimos, e nos informamos”, a percepção é do engenheiro eletricista André Monteiro, formado pela Escola de Engenharia Mauá, do Instituto Mauá de Tecnologia (EEM-IMT). Ele trabalha há 13 anos no setor de recrutamento e, nos últimos oito, como responsável pela EngSearch, serviço de assessoria às empresas especializada em contratações para as áreas de engenharia, manufatura e supply chain. A transformação digital, avalia, é uma das principais prioridades das empresas para se manterem competitivas e conseguirem sobreviver.

 

600 2 André MonteiroAndré Monteiro coordena empresa de recrutamento na área de engenharia. Crédito: Acervo pessoal.

 

O big data, internet das coisas, data-driven, realidade virtual e aumentada, inteligência artificial, machine learning, serviços de streaming, cibersegurança e business intelligence, relaciona Monteiro, são algumas dessas tecnologias que estão sendo implementadas e desenvolvidas, e que exigem profissionais especializados e capacitados. É sobre a proximidade da engenharia e das tecnologias de informação e comunicação (TICs) que entrevistamos André Monteiro.

 

Como o senhor vê essa demanda com relação aos profissionais de engenharia?
A área de engenharia é muito ampla e um dos benefícios na formação é a capacidade em resolver problemas. Encontramos essa mão de obra tão especializada em todos os setores da economia – indústria, prestadoras de serviços, telecomunicação, agronegócios, construção civil, sistema financeiro, varejo, área ambiental, energia, saúde. E todos esses segmentos estão passando por mudanças significativas de tecnologia.

 

Por isso, acredito que as perspectivas são animadoras para engenheiros e engenheiras com experiência e vontade de se desenvolver na área de tecnologia. E já com uma vantagem: ter a capacidade de aplicar tecnologia para resolver problemas. As empresas sabem que esse profissional consegue reduzir o tempo, e com o menor custo possível, em busca de novas soluções.

 

Poderia nos trazer dados sobre a empregabilidade na área de tecnologia e digital no País?
Alguns dados de instituições ligadas ao setor mostram essa empregabilidade. A IDC Brasil [International Data Corporation], por exemplo, afirma que para os próximos anos os investimentos [privados], do País, nesta área, devem chegar a US$48 bilhões. Já a Abes [Associação Brasileira de Empresas de Software], indica que a área de tecnologia no Brasil, em 2018, cresceu 9,8%, colocando o Brasil no 9º lugar no ranking mundial. Ao todo, existem cerca de 19.372 mil empresas atuando no setor de software e serviços no Brasil, sendo que 5.294 (27,3%) delas são voltadas ao desenvolvimento e produção de software.

 

De acordo com a Brasscom [Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação], existem 845 mil empregos no setor de TIC, no País, com demanda anual por novos talentos projetada até 2024 de 70 mil profissionais. Apesar da notícia ser animadora, apenas 46 mil pessoas se formam ao ano no Ensino Superior com o perfil necessário para atender a essas vagas.

 

Já especificamente sobre a engenharia e posições relacionadas à TI, como você avalia essa demanda?
Áreas da engenharia que envolvem inovação e tecnologia também acompanham a tendência da digitalização de processos e devem ser muito procuradas nos próximos meses. A demanda por profissionais que tenham conhecimento em programação, automação, internet das coisas e inteligência artificial será alta. Dessa maneira, engenheiros de computação, de controle e automação [mecatrônica], de cibersegurança e de dados saem na frente nas contratações.

 

Acredito que vale uma atenção para alguns setores que devem expressar mais demandas por contratações este ano e em 2022, como indústrias de base, que incluem os ramos de siderurgia, cimento, metalurgia e petroquímico; commodities, especialmente o agronegócio e energia. Todos esses setores exigem investimentos consideráveis em tecnologia e certamente os profissionais que estiverem preparados estarão a um passo à frente.

 

Já posições voltadas à engenharia posso destacar uma demanda contínua para algumas posições, como, gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente; engenheira e engenheiro de Processos; gerente Industrial; diretor de Operações; engenheiros com experiência no setor de Energia Renovável e, mais recentemente, com a retomada de investimentos em alguns setores, volta a crescer contratações de engenheiros de Projetos e Gerentes de Projetos, de todas as modalidades.

 

Quais as competências técnicas e comportamentais mais requisitadas para as vagas de TI?
As competências técnicas normalmente são a porta de entrada para o executivo ser chamado para uma entrevista, porém as competências comportamentais entram mais em evidência para definir se continuará ou não concorrendo à oportunidade. Em cargos executivos, é interessante que tenha um conhecimento mais amplo, que saiba um pouco de cada tecnologia. É melhor que o executivo conheça um “kit de ferramentas” de tecnologia voltada ao seu setor, ao invés de ser apenas especialista em uma tecnologia.

 

Exemplifico: caso a oportunidade seja em uma empresa de tecnologia voltada à automação industrial, é necessário que esse profissional ou executivo conheça as tecnologias que estão sendo empregadas e como funcionam na Indústria 4.0. Conhecimentos complementares também poderão ser verificados, como experiência em métodos ágeis, familiaridade com a nuvem, gestão de projetos e de gerir equipes remotas. A fluência no idioma inglês segue como um dos principais pré-requisitos.

 

Já sobre as comportamentais, a principal competência é ter liderança, ou seja, um profissional que consiga inspirar toda equipe a atingir os objetivos da empresa, que todos possam confiar e se sentirem motivados. A inteligência emocional é uma competência em destaque também, um executivo que consiga gerir suas próprias emoções e entender seus efeitos no sucesso da empresa.

 

Um dos maiores problemas nas organizações está na comunicação, por isso, entendo essa competência muito importante para qualquer profissional, que precisa transmitir suas ideias com muita clareza e transparência. Precisa estar aberto a ouvir e praticar a empatia, sendo esta última uma competência fundamental em tempos difíceis.

 

Neste cenário de pandemia, entra muito em evidência a adaptabilidade e flexibilidade. Todos tivemos que nos adaptar nesse cenário e não foi diferente para os profissionais que estão em posição de comando ou gerência, que precisam ajudar todo seu time nessa mudança e flexibilizar algumas ações para manter um bom trabalho em equipe.

 

E para fecharmos as competências comportamentais, com inúmeros dados dentro e fora das organizações, é bastante importante que estes Executivos consigam ter uma capacidade analítica apurada para tomar decisões estratégicas.

 

Quais orientações para os engenheiros sobre currículo, LinkedIn e palavras-chave?
O currículo e perfil no LinkedIn, muitas vezes, são as principais ferramentas para se entrar em um processo seletivo. Boa parte dos recrutadores fazem uma leitura muito rápida desses perfis e possuem centenas de candidatos para avaliarem. Minha sugestão é que o currículo e perfil no LinkedIn tenham informações objetivas e suficientes para chamar a atenção para o recrutador realizar um contato.

 

Outro ponto interessante, é que diversos processos de recrutamento realizam a primeira triagem utilizando máquinas programadas com inteligência artificial. Então, recomendo que sejam adicionadas palavras-chave para que o seu perfil ou currículo sejam encontrados. Por exemplo, um engenheiro de software poderá ser encontrado com essa nomenclatura ou software engineer, software developer, desenvolvedor de software etc..

 

Uma dica para ganhar tempo é avaliar perfis de profissionais que possuem uma trajetória similar a sua, certamente você encontrará diferentes informações e poderá adaptar seu perfil da melhor forma.

 

Lido 1245 vezes
Gostou deste conteúdo? Compartilhe e comente:
Adicionar comentário

Receba o SEESP Notícias *

agenda